quinta-feira, 2 de abril de 2020

Vodka, saúna e esportes : conselhos do presidente da Bielorrússia para combater o coronavírus



Apesar das medidas preventivas adotadas em diversas partes do mundo para combater a propagação do novo coronavírus ( Sars-Cov-2 ), o vírus responsável pela doença Covid-19, a conduta das lideranças de alguns países para conter o avanço da infecção pode ser considerada, no mínimo, polêmica.

Um destes líderes é Aleksander Lukashenko, presidente da Bielorrússia ( ou Belarus ), que comanda o destino daquele país do Leste Europeu desde 1994.

O líder máximo da Bielorrússia disse que o fato da Organização Mundial da Saúde ( OMS ) ter declarado a pandemia da Covid-19 não significa nada, pois no seu país todas as infeções sempre foram combatidas, não apenas o novo coronavírus.

-“Praticamente não existe um único país que não seja afetado por esse vírus. Mas é muito diferente uma pessoa ficar doente num país no norte de África, enquanto 475 pessoas morrem em apenas 24 horas na Itália. É uma grande diferença”.-observou.

Para ele, a coisa mais perigosa não é o coronavírus, mas sim a ‘psicose’ que este gerou.

-“Estas coisas ( as pandemias ) passam. O mais importante é não entrar em pânico”.-declarou.

Lukashenko atacou os países que fecharam as suas fronteiras de modo a conter o novo coronavírus, especialmente a Rússia, chamando essa medida de ‘parvoíce absoluta’.

-“Muitos países fecharam-se aos estrangeiros. Entre eles cinco países vizinhos da Bielorrússia. É uma ‘parvoíce total e absoluta’, algo que já está confirmado. Isso não vai defender a Rússia de forma alguma. Especialmente se for um encerramento seletivo. Mas é problema deles”.-disse o presidente em declarações recolhidas pela agência BelTA.

-“O mundo ficou maluco com o coronavírus. Essa ‘psicose’ aleijou as economias nacionais em quase todos os lugares do mundo. Não há necessidade de entrar em pânico, é preciso continuar a trabalhar. Especialmente agora. Vão para o campo e procurem trabalhar pesado, seja manualmente ou nos tratores. A vida no campo, o trabalho braçal e o trator curam todas as pessoas”.-Complementou, insistido para que os cerca de 9,5 milhões de habitantes do seu país continuem a trabalhar.

-“Vão fazer uma sauna, desde que seja seca, duas ou três vezes por semana. Os chineses dizem que o vírus morre a partir dos 60 graus centígrados”.- acrescentou, em outra declaração ao país.

Em outra entrevista, esta concedida ao jornal britânico ‘The Times’, Lukashenko sugeriu que a população ‘envenene’ o coronavírus com vodca e até lave as mãos com a bebida. -“Vocês deveriam beber o equivalente a 40-50 mililitros de álcool por dia. Mas não no trabalho. Pratiquem esportes também”.- afirmando que a prática esportiva é o melhor remédio contra o coronavírus.

O esporte, aliás, continua ‘à todo vapor’ na Bielorrússia, uma vez que o líder máximo da nação apoia a manutenção dos torneios esportivos, como também se recusa a impor isolamento à população.
O presidente afirma que a pandemia é uma oportunidade para mostrar os esportes do país. -“Eu vejo a Rússia e muita gente lá ganha dinheiro com apostas, porque de antemão eles não conheciam os nossos times”.-ele disse.

O presidente Lukashenko, inclusive, participou de um jogo de hóquei no gelo no sábado ( 28 de março ), junto com centenas de torcedores.
Anteriormente, ele já havia disputado amigáveis partidas deste que é o seu esporte favorito com o russo Vladimir Putin.

-“É melhor morrer de pé do que viver de joelhos”.-começou à dizer, antes de uma jornalista perguntar se existe algo que o faça deixar de jogar.

-“A mim? É possível. Mas ... por que razão? Não entendo. Não há vírus aqui. Você vê o vírus por aqui? Eu também não vejo. É uma pista de hóquei, é o melhor para a saúde. O desporto, principalmente os desportos no gelo, são o melhor remédio para o vírus. Este é melhor dos desportos, este estádio é onde está a verdadeira cura do vírus”.-concluiu.

A temporada de futebol lá começou em março de 2020 e a primeira rodada do campeonato nacional contou com um público de 933 pessoas.
Os torcedores têm álcool em gel à disposição nos estádios e também tem a sua temperatura medida.

Não custa lembrar que não é só o esporte que continua acontecendo na Bielorrússia normalmente. Estão abertos cinemas, teatros, restaurantes e até as fronteiras do país - apesar de vizinhos como a Rússia e a Ucrânia terem tomado medidas mais drásticas para enfrentar a pandemia, como fechar escolas e cancelar eventos para evitar aglomerações.

Até o dia 1º de abril, o Ministério da Saúde da Bielorrússia registrava 163 casos de Covid-19 no país, com 47 pacientes recuperados e apenas 2 mortes.

*Texto do colaborador Oriosvaldo Costa. | Escrito em 02/04/2020
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Foto : O presidente da Bielorrússia, Aleksander Lukashenko, afirma que o esporte é o melhor remédio contra o coronavírus ( Cortesia | Créditos : Andrey Pokumeiko | BelTA | Divulgação | Via Reuters ).

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