sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Pão, circo e sangue: o Pro Wrestling volta a crescer no Brasil



Um ponto que é muito difícil entendermos é como Pro Wrestlers pode ser mais famosos que lutadores de MMA no Japão, país tido como a capital mundial da promoção de eventos de artes marciais. Talvez isso se dê pelo fato de a influência da TV vir de mais tempo e a história da modalidade ser mais antiga na Terra do sol Nascente.

Situação inversa vive o Brasil, país onde o Pro Wrestling é sufocado pela modalidade concorrente desde a época que esta ainda se chamava Vale Tudo.

Houve um período no século passado, em que promotores de eventos, ávidos pelo sucesso, incluíam no mesmo card de seus shows lutas de Vale Tudo, Pro Wrestling e Boxe.

Posteriormente o Vale Tudo foi proibido e se restringiu às regiões Norte e Nordeste, mas essa movimentação continuou nas demais regiões do Brasil, sendo realizadas em circos, com os lutadores de Vale Tudo desafiando os atletas de lutas das cidades por onde passavam e contando com a colaboração dos promotores de Pro Wrestling para a realização dos confrontos.

Adicionalmente, o Vale Tudo retornou às regiões das quais havia sido banido, com nova nomenclatura (Free Style), regras diferenciadas e muito mais organização.

Nos dias atuais, com o ‘Boom’ de organizações de MMA temos a garantia da realização de lutas no Octógono todos os finais de semana de Norte a Sul do Brasil, mas o Pro Wrestling está voltando a cativar o público.

Para os fãs de MMA é difícil entender porque algumas pessoas dão preferência a estes espetáculos em detrimento das – pelo menos para eles – muito mais emocionantes lutas reais.

Segundo José Thiago Brito, lutador conhecido como Tytan nos ringues da FILL (franquia que vem conquistando a preferência dos novos fãs da modalidade), algumas companhias atuam um pouco mais próximo do que é feito no restante do mundo em matéria de show, mas a grande maioria ainda sofre com a massiva impressão de tudo ser uma grande brincadeira.

São cerca de oito companhias promovendo shows em sua maioria nos estados de SP, RJ e RS.

Tytan chegou a participar de um dos eventos da South Wrestling Union (SWU), companhia que vem logo em seguida no gosto popular do público, composto em sua maioria por adolescentes.

O estilo nacional, com Rounds e uma abordagem mais circense (nada de errado nisso), é o ‘Telecatch’. Mas também existe o Pro Wrestling em si, sem Rounds, sem juiz tendencioso e foco no espetáculo marcial.

Lutas sem regras, ‘Hardcore’ ou ‘Deatmatch’, ou qualquer coisa mais bruta, existem dentro dos dois estilos.

O ‘Deatmatch’ se utiliza de lâmpadas, arame farpado etc. Embora isso divida opiniões (entre o público presente e alguns dos próprios lutadores), já que o show marcial fica em segundo plano em detrimento do espetáculo visual dos utensílios usados como armas.

Apenas a SWU e a EWF aderiram à esse tipo de espetáculo aqui no Brasil, ao menos por enquanto.

Para 2018 a FILL pretende fazer shows pagos, pois os atletas lutaram pelo amor ao esporte sem receberem nenhuma espécie de bolsa em todos os eventos promovidos até agora, mas a intenção é profissionalizar integralmente o que eles fazem.

Um dos Pro Wrestlers brasileiros mais famosos na atualidade, Luís Alexandre Cadeu, conhecido como ‘Gigante Xandão’, de Bragança Paulista-SP, atuou por companhias tais como a BWF e Gigantes do Ringue, alternando suas apresentações com lutas reais de MMA válidas por franquias do porte do Max Fighting, Max Sport e Circuito Talents de MMA.

A dupla jornada levou o atleta ao México, onde a Lucha Libre é o terceiro esporte mais popular do país, (só perdendo para o futebol e o boxe) e no qual ‘Xandão’ novamente se alterna entre os shows das duas modalidades a exemplo do que vinha fazendo no Brasil.

Como a estrada para os grandes eventos do MMA mundial estava congestionada, o atleta de 37 anos mostrou que o Pro Wrestling é um caminho seguro para os países do primeiro mundo onde o lutador pode viver dignamente do desempenho de sua profissão.

*Fonte /Créditos : Colaborador Oriosvaldo Costa

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Foto : Tytan em ação nos ringues da FILL-Federação Internacional de Luta Livre ( Cortesia : Thabata Larissa / página PWManics ).


Um comentário:

  1. Tomara que a luta livre volte a crescer no Brasil, pois ao contrário do que muitos pensam, Pro-Wrestling e MMA não são concorrentes, a luta livre\telecatch não acabou no Brasil por causa do vale-tudo \ MMA, foi mais por causa da censura e da má organização dos promotores. Mas Esse negócio ainda vai ser grande por aqui, se a Globo não atrapalhar é claro.

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