sábado, 21 de janeiro de 2017

Battle Dome, um dos precursores dos shows de MMA na TV norte-americana



Era o final dos anos 1990, e os estadunidenses já haviam quase que esgotado a sua criatividade na criação de competições malucas incrementadas por todo tipo de parafernálias, dignas de algumas produções de Hollywood, com vistas a atrair novamente um bom número de telespectadores, a maioria destes já saturados de parte dos shows televisivos, numa época em que o congresso norte-americano lutou para banir a violência das emissoras de TV de seu país, havendo até mesmo implantado uma ampla discussão com todos os segmentos da sociedade interessados nesse assunto.

É nesse contexto que foi criado o Battle Dome, um show televisivo norte-americano na mesma linha do American Gladiator. Ambos tornaram-se ‘realitys’ bastante populares na década de 90. O Battle Dome permaneceu no ar de 1999 a 2001 e foi exibido também no Reino Unido, nas redes Challenge e Bravo, bem como no Channel 5, agora “Five”, além de ter sido transmitido na Irlanda pela TV3.

Nesses shows um competidor entrava tipicamente na arena do espetáculo ao som de sua própria música tema e – em diversos casos – acompanhando de uma bela mulher (eu sei, tudo pelo ibope), a maioria destas, cortesia da revista Perfect 10. As “lutas” do Battle Dome eram disputadas no topo de uma pirâmide incrustada em uma área circular giratória e aconteciam semanalmente até o final da temporada (as “lutas” aconteciam no formato eliminatório) com o vencedor recebendo um grande prêmio em dinheiro, uma motocicleta e um cinturão do Battle Dome Championship.

Esse deveria ser um lugar para promover uma competição justa entre indivíduos normais ou sem muitas habilidades atléticas, mas vimos justamente o contrário. No outono de 2000, as estrelas do Battle Dome e World Championship Wrestling (WCW), um show de Pro Wrestling (afinal a influência desta outra forma de entretenimento vem de muito mais tempo na TV) começaram uma breve rivalidade cruzada. A WCW emprestou alguns dos seus astros pois estava desesperada para levar mais pessoas a assistirem seus shows, estratégia que falhou, e algum tempo depois, eles foram vendidos para a WWE.

Assim sendo, a partir da segunda temporada, Battle Dome praticamente eliminou as travessuras ao estilo do Pro Wrestling em favor de uma abordagem mais ao estilo do rival American Gladiators e o show acabou perdendo muitos fãs com isso.

Com a saída de cena das estrelas do Pro Wrestling foi a vez dos aspirantes a consagração no MMA (na época ainda conhecido como NHB: No Holds barred) tentarem a sorte no Battle Dome e até mesmo conseguir para si um espaço na mídia, pois o próprio UFC lutava contra a censura na TV, ataque dos políticos e preconceito das comissões atléticas estaduais naqueles idos dias, uma vez que a franquia do UFC ainda não havia sido vendida para os irmãos Frank e Lorenzo Fertitta e Dana White.

Lutadores atualmente consagrados no esporte e que contam com participação no UFC tais como Fabiano Iha (Jiu Jitsu) e Darrell Gholar (Wrestling) competiram na primeira temporada do Battle Dome e o veterano Jay Martinez competiu na segunda temporada. Martinez é um pioneiro do MMA com participações em franquias do porte do Superbrawl, King Of The Cage e Extreme Shoot, dentre outras.

Phillip Miller, invicto no MMA com um Record de 16-0 (todas as lutas registradas no Sherdog) sendo 2-0 no UFC, competiu na versão 2000 do Battle Dome e ganhou.

Dignas de nota ainda foram as observações e comentários absurdos de Scott Farrell que soube conduzir o show com muita presença de espírito, mesmo em situações difíceis, como quando um participante quebrou a própria perna ao vivo durante a transmissão pela TV. O apresentador do show foi Steve Albert (irmão do lendário apresentador de esportes Marv Albert). Ferrall e Brown foram substituídos por Ed Lover e Brien Blakely, respectivamente, no meio do show.

Embora Battle Dome não faça parte da lista de promoções legítimas de lutas, daquelas que tiveram papel importante na formação do esporte MMA como o conhecemos (experimentando regras e servindo de laboratório), ele ainda tem o seu valor histórico por registrar o esforço dos pioneiros do MMA, os quais viviam uma vida errante e ‘de malas em punho ’, tendo de participar de qualquer tipo de luta, real ou falsa, para fazer algum dinheiro, as quais eram realizadas em um ringue montado em um ginásio do ensino médio, uma grande arena no Japão, um salão de festas em casamentos de figurões ou em frente às câmeras de uma emissora de TV.

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