quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Sifu Edmárcio Rodrigues introdutor do Jeet Kune Do no Brasil volta à ensinar Wing Chun.



ENTREVISTA CONCEDIDA AO SIFU EDMÁRCIO RODRIGUES
ENTREVISTADOR: ORIOSVALDO COSTA

1- Quando você começou à treinar Wing Chun especificamente ?

Sifu Edmárcio Rodrigues : Bem, era o ano de 1993 quando eu li algo sobre Wing Chun e me interessou bastante porque vi que Bruce Lee tinha praticado esta arte, mas na década de 90 não tinha a tecnologia nem as facilidades de hoje, então eu não sabia onde e como procurar. Então, através dos livros de Marco Natali, eu li tudo e pratiquei tudo sobre Wing Chun e passei à praticar informalmente com amigos mais velhos que eu. Portanto somente em 1999 decidi procurar uma escola séria na cidade e em 2000 passei à fazer parte de um escola formal de Wing Chun, que era dirigida pelo único representante na minha cidade e ex-instrutor da Moy Yat Wing Chun.
Minha busca era por Jeet Kune Do na época, mas percebi que o Wing Chun era seu núcleo, então resolvi explorar. Logo procurei um Sifu que fosse adequado à um Wing Chun voltado para combate e defesa pessoal, foi então que resolvi procurar o sistema WT de Leung Ting e parti para buscar o mesmo fora do Brasil.

2- Quais os professores que você teve nessa arte ?

Sifu Edmárcio Rodrigues : Meu primeiro professor informal se chamava Melquezedeque, ele havia aprendido de um amigo e este por sua vez havia aprendido em São Paulo, na época era algo muito bom. Depois de muitas leituras - como já citei - e estudos, procurei outro professor que se chamava Pedro Santos. Posteriormente à prática com meus dois primeiros professores eu fui para a Europa atrás de meu mais influente Sifu, Emin Boztepe. Eu tive muitas horas de aulas privadas, seminários e estudos com Sifu Emin Boztepe e também estudei com Sifu Ingo Weigell e com Sifu Christian Fragoso ( que eram alunos avançados de Sifu Emin Boztepe ) e esses estudos se estenderam por muitas horas, dias e anos, sendo que eu estudei tanto aqui no Brasil, trazendo eles à minha escola e minha casa, como também estudei na Alemanha. Foram muitas horas de aulas privadas, seminário, e estudos, então eu investi muito nessa arte. Depois disso, desenvolvi meu método de ensinar Wing Chun baseado em experiências de lutas reais e confrontos esportivos nos quais eu enfrentei oponentes de outras modalidades de artes marciais.

3- Por que você resolveu abrir novamente as portas da sua escola para o ensino especifico do Wing Chun ?

Sifu Edmárcio Rodrigues : Bem, em 2008 eu me desliguei do meu Sifu por questões pessoais e organizacionais da parte dele, então houve muita decepção de minha parte e mergulhei em tristeza por essa arte, pois eu como um simples Brasileiro, havia feitos grandes investimentos, e passei muita coisa por isso, até mesmo humilhações, estando na Alemanha treinando, mas isso é outra história.
Muitas pessoas perguntam: porque você parou de ensinar? Você não sabe mais Wing chun? E porque voltou?
Bem, a maioria das pessoas não sabem o que eu passei para ter optado em deixar esta arte, então não podem me julgar, mas gostaria de deixar bem claro que aquilo que se conquista pertence à você e o fato de ter parado de lecionar à grupos formais não quer dizer que eu tenha esquecido e adormecido minhas habilidades.
Então há muitos anos que amigos e ex-alunos me pedem para voltar à dar aulas e eu renegava, mais agora eu estou de volta ao ensino para um grupo seleto, e pretendemos expandir.
Para quem não sabe, eu tive uma escola de Wing Chun bem sucedida em Fortaleza, onde ministrei aulas para muitos alunos e até mesmo ex-alunos de outros professores de Wing Chun que me procuravam para aprender.
Então agora resolvi voltar à lecionar, pois como instrutor de Jeet Kune Do, as habilidades sempre estiveram latentes, uma vez que partes do Wing Chun estão inseridas no conteúdo do Jun Fan Gung Fu. Sendo que, originalmente, eu sou um praticante de Jeet Kune Do,antes mesmo de ter me tornado um professor de Wing Chun, eu havia parado com o JKD à pedido de meu Sifu de Wing Chun, logo minha experiência me ajudou à me diferenciar de muitos em JKD.
Então resolvi voltar, para mostrar um Wing Chun diferenciado, pois quando se tem experiência de combate em várias distâncias, a transmissão se torna diferenciada daqueles que focam apenas em teorias.
Estou buscando me reintegrar à comunidade Wing Chun ( WT ) e estou entrando para o curriculum de Hong Kong, onde passarei à fazer parte em breve como um representante.

4- Qual sua opinião sobre esse sistema de arte marcial ?

Sifu Edmárcio Rodrigues : Minha opinião é bem direta, muitos podem até não concordar, mais é um fato, acho Wing Chun uma arte magnifica, rica e sábia, portanto detesto quando à usam como solução universal e resolução para todos os problemas, isso eu não gosto, pois eu tenho experiência marcial real e já vi muitos praticantes se darem mal por ter este tipo de pensamento ou alienação. Creio que se você possui experiência de combate ( falo de combate porque Wing Chun foi feito para se defender e não apenas para ajudar na mente ), ai sim, você poderá estudar o Wing Chun para se desvencilhar das estratégias das outras artes marciais.
As pessoas que praticam, escutam que Wing Chun é simples e direto, e acabam por procurar a arte de uma forma errada, achando que é uma mágica ou que em curto período serão mestres, bem isso é um engano. Wing Chun só se torna simples quando você aprende, e isso leva anos e anos de estudo e análise da arte e situações de tempo, espaço e energia, requer análise e o que chamo de laboratório.
Wing Chun não foi feito para “ GAME ”, ou lutas de Vale Tudo ou MMA e eu explico porque, o ambiente é outro, a atmosfera é outra e as ferramentas são outras, você pode até usar alguns conceitos, mais sempre vai acabar caindo na regra do “ GAME ”, basta ver por ai que muitos que se diziam expoentes da arte se deram mal ao tentar entrar para este jogo, e ainda mais ao tentar usar as mesmas ferramentas dos oponentes que estão acostumados com o “ GAME ”.
Na minha opinião, Wing Chun é uma ‘ ratoeira ’, você deve ‘ atrair o rato para a isca ’, você deve ser um ‘ imã ’, deixar o opoente entrar e fazer a ponte para você agir, ou esperar para dar o bote certo, pois Wing Chun é para aniquilar as bases do oponente usando de golpes de encontro, interceptações, bloqueios e golpes contundentes, essa é minha visão, então muitos quando forem se aventurar podem se frustar por descobrirem que mesmo após anos e anos de sua prática marcial de Wing Chun ( independente de linhagem ), não conseguem barrar um “ Grappler ” ou um lutador de Kickboxing, pois viviam apenas no mundo teórico da arte.
Logo, atesto que Wing Chun é uma grandiosa ferramenta que proporciona golpes contundentes, desvencilhamentos, estratégias e ciência. Eu mesmo tive muitos êxitos usando Wing Chun contra oponentes de outras artes marciais, mas isso porque entendi e descobri isso que acabei de falar.

5- O que motivou a sua volta ao ensino do Wing Chun após um bom tempo afastado ?

Sifu Edmárcio Rodrigues : O que me motivou foi a insistência meus alunos, e o fato de eu saber que posso oferecer algo diferente e mais dinâmico devido à minha experiência, deixando de lado o misticismo, contos e lendas e aprofundando na sua ciência e didática antiga de transmissão.

6- Rumores dão conta que você andou falando mal do Wing Chun anteriormente. Isso seria verdade e você poderia nos explicar porque? Ou se teve alguns motivos para isso ?

Sifu Edmárcio Rodrigues : Olha, a verdade é que eu andei falando de praticantes e não da arte em si, toda arte se torna um mal quando a mente é obcecada por ela, e vi e conheço muitos obcecados, que não conseguem pensar fora da caixa, logo querem ser o máximo de Wing Chun, sem conhecer a realidade dos fatos, brigam por linhagem, histórias, lendas e criam contos que não existem para ganhar seu público, então realmente falei de tais comportamentos, aliás sempre serei contra isso.
Também por tudo o que passei, percebi a total alienação e o mercantilismo que existem nessa arte, aliás em todos setores, mas em Wing Chun vi muito, vi pessoas sem habilidades alguma se tornarem Sifu ou mestres apenas por pagarem um certificado, e vi também muitos venderem certificados por ai. É isso que acho!

7- Você é um instrutor de Jun Fan Gung Fu, Jeet Kune Do e artes Filipinas, além de faixa preta de Luta Livre, onde o Wing Chun se encaixa nisso?

Sifu Edmárcio Rodrigues : Wing Chun é uma ferramenta, não importa se você pratica ou investiga outros métodos, eu acredito e fui treinado para entender conexões, e muitos conceitos se agrupam e se encaixam, então nada importa você fazer Wing Chun e também outras artes marciais.
Eu posso até falar para você e provar que em JKD, Kali e Wing Chun contém conceitos iguais e idênticos, e posso comentar que na Luta Livre eu consegui perceber que a prática do Chi Sao ( prática característica do sistema Wing Chun ) melhorou meus reflexos e relaxamento, então muitas pessoas perguntam se eu faço e aprendi tudo isso, e eu respondo que cada um tem os seus próprios gostos e preferências, se você gosta apenas de banana, já eu gosto de banana, manga, mamão e melancia, rsrsrs.
Eu quero e tento dizer que não tenho nada contra se você bebe apenas de uma fonte, já eu não, eu bebo de várias fontes e sempre vejo as mesmas substâncias. Depende de como você olha o todo, então eu não misturo as artes, cada uma possui seu curriculum e conteúdo programático, e assim vou crescendo como artista marcial e estudioso.

8- Mas se já existem conteúdos especificos do Wing Chun inseridos na grade curricular do Jeet Kune Do porque voltar ao ensino desse sistema em particular ?

Sifu Edmárcio Rodrigues : É verdade, existe um conteúdo programático dentro do Jun Fan Gung Fu, mas posso continuar seguindo com o Wing Chun que contém outros elementos que não foram abordados no conteúdo do Wing Chun inserido no Jun Fan Gung Fu. Além de que JKD não contém apenas Wing Chun, e sim Boxe, Kickboxing, técnicas de submissão e quedas. Então eu posso explorar apenas Wing Chun da forma que fui ensinado e ensinar para aqueles que amam esta arte.

9- O que você quer dizer com Wing Chun método pratico ? Uma vez que esse sistema de arte marcial chinesa sempre foi conhecido por sua simplicidade e aplicabilidade ?

Sifu Edmárcio Rodrigues : Bem, quero dizer que é minha forma de ensinar baseado nas experiências vividas, excluindo sempre o lado desnecessário, e colocando a teoria em prática, se o que se diz não funciona e não pode aplicar eu descarto, e ensino meus alunos à sobreviverem contra investidas reais de ataque como já citei antes, não apenas de ataques de leigos, mais de pessoas que possuem experiência com artes marciais, então eu ensino como aplicar as formas e os conceitos, por isso chamo método prático. Além de que ensino sem mistérios!

10- Como ficam agora os ensinamentos dos demais métodos de sua escola, tais como o Jun Fan Gung Fu, Jeet Kune Do, artes marciais Filipinas, Luta Livre, Shoot, etc ?

Sifu Edmárcio Rodrigues : Os ensinamentos continuam os mesmos, como sempre foi, cada disciplina na sua hora e no seu dia, cada uma faz você descobrir um mundo e acoplar à sua experiência, logo você pode optar por apenas uma modalidade, sem problema algum.
Eu tenho deixado a Luta Livre e Shoot com meus estudantes mais experientes em luta e combates de MMA, como Anderson Sato e Fernando Germano, eles estão à frente da Luta Livre, eu apenas administro a melhor forma para eles seguirem adiante.
Estou concentrado no Wing Chun, Jun Fan e Kali, e tenho inserido o Kali em lições e curso para policiais, militares e profissionais da área de segurança, na qual sou inserido, pois tenho formação de Guarda Costa ou Segurança Pessoal Privada.
Neste ano de 2017 começo uma grande parceria com Instrutores da Inosanto Academy para juntos ensinarmos no Brasil e de forma aprofundada, o curriculum Jun Fan JKD, além de apenas seminários supérfluos como os que temos visto por aí, sem aprofundamento e transmissão da arte.
Este ano que se inicia teremos muitas novidades, agradeço a atenção por me conceder esta simples entrevista, e assim poder ajudar aqueles que se iniciam nas artes marciais que me proponho à ensinar.
Muito obrigado feliz ano novo à todos!

Sifu Edmárcio Rodrigues

sábado, 17 de dezembro de 2016

EFC PE promete agitar o calendário do MMA no Nordeste em 2017



Uma nova organização de lutas promete inovar e fazer a diferença na carreira dos atletas da comunidade das artes marciais mistas e demais esportes de contato no estado de Pernambuco.

Trata-se do Extreme Fighting Championship Pernambuco, ou simplesmente EFC PE.
O show nasceu da união dos sonhos dos promotores André Ben e mestre Eduardo Moraes.

O trabalho do Extreme Fighting Championship Pernambuco ( EFC PE ) tem por objetivo melhorar o cartel dos atletas do Nordeste e deixá-los mais à vontade nos grandes shows de lutas com a experiência adquirida.

A organização promete um maior apoio aos lutadores graças à uma parceria com uma seguradora que deverá garantir uma indenização em caso de acidentes que retirem os atletas de atividades por mais de 90 dias.

Além de premiações em dinheiro o EFC PE contará também com um cinturão exclusivo, feito sob medida em alto relevo.
As modalidades constarão de Boxe, Kickboxing, Muay Thai e MMA. As lutas serão disputadas no tradicional ringue de cordas, pois os organizadores buscam um formato diferenciado para abordar todos estes esportes em conjunto e além de aumentar o intercâmbio entre os atletas, ainda há a intenção de incrementar o ‘ network ’ de todos os treinadores de Pernambuco, suprindo assim a ausência de competições no estado.

Além de tudo isso, o EFC PE também irá ajudar creches, escolas e orfanatos, aliando assim a preocupação do evento com os menos favorecidos e trabalhando também a modalidade ” MMA como ferramenta de inclusão social “.

Acompanhe abaixo o calendário já definido pela organização, uma vez que o EFC PE promete chegar com muita força à Pernambuco e poderá até mesmo fazer com que o estado recupere o ‘ status ’ de “ Capital do MMA no Nordeste ”.

Estas são as cidades que irão abrigar as edições do EFC PE à partir de Janeiro de 2017 :

Gravatá : 21 de Janeiro
Chá Grande : 11 de Fevereiro
Amaraji : 11 de Março
Pombos : 8 de Abril
Escada : 13 de Maio
Cabo de Santo Agostinho : 10 de Junho
Glória de Goita : 15 de Julho
Chá de Alegria : 12 de Agosto
Limoeiro : 16 de Setembro
Buenos Aires : 14 de Outubro.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Família Zenidim participou de competição de boxe objetivando o MMA



Para melhor preparação para as lutas de MMA, quando não estão em ação nessa modalidade, a única família de lutadores de MMA que temos notícia hoje em dia, permanece em ação no muay thai, quedas, jiu jitsu e boxe.

Foi com esse intuito que a família Zenidim participou da Taça Osmar Dias com lutas de boxe e muay thai, realizada dia 26 de Novembro na academia Thai Boxe, em Curitiba, capital do Paraná.

Destaque para os filhos mais jovens de Paulão Bueno, Raykon “ The Last ” ( 8 anos ) e Riran “ Taz ” ( 14 anos ) que treinaram o Ram Muay Zenidim com seu pai e seus irmãos para apresentar na Taça Osmar Dias, mas que não se limitaram à apresentações e literalmente “ saíram na mão em lutas de apresentação de muay thai infantil.

O pequeno Raykon “ The Last ” teve pela frente Kaleo, um talento precoce da Chute Boxe enquanto Riran “ Taz ” encarou Pedro Henrique, também da Chute Boxe.

Rickson “ The King ” Zenidim Bueno, com apenas 17 anos de idade e que permanece invicto no MMA com 7 lutas na carreira, participou em luta de boxe com um atleta mais pesado, Weslei Silva, da Chute Boxe.
O combate foi polêmico, com Rickson demonstrando um volume maior de ataques e acuando o seu duro adversário, durante os três rounds. Mesmo dando um show de boxe, os árbitros da federação de boxe decidiram pela vitória do lutador local.

Raniere “ Rex ” que estreou profissionalmente no MMA aos 15 anos de idade, é o lutador mais jovem à levantar uma bandeira nacional em outro país. Mas já soma cartel de veterano, com 26 lutas, sendo 17 vitórias, 14 delas por finalização ( quase todas no primeiro round ).
O finalizador mais jovem do MMA representou a família Zenidim em luta de boxe com Daniel “ Fifo ”, um duro pugilista da Immortal Fight Team, equipe da cidade de Curitiba.
Raniere levantou o público presente só perdendo em decisão dividida dos jurados.

O grande campeão Paulão Bueno, maior nome do MMA de Ponta Grossa e conhecido pela alcunha de “ O Imperador dos Campos Gerais ” também deu show de Boxe, à exemplo de seus filhos, e enfrentou um lutador quase 20 anos mais jovem, Leonardo Silva, campeão da Thai Boxe de Curitiba.
Paulão, mesmo aos 40 anos, demonstrou enorme vigor físico e a experiência de muitos anos na chamada nobre arte, nesse seu retorno à modalidade. A luta era amistosa e buscava homenagear o saudoso mestre Osmar Dias ( à exemplo de todo o “ Card ” ) terminando em empate. Paulão voltará à competir no MMA em 2017.

– “ A família Zenidim está muito feliz com todos os resultados, pois a meta do clã não é seguir carreira no boxe, muay thai ou outras artes marciais e sim preparar os campeões da família para chegarem ao topo dos maiores eventos de MMA do mudo.
Obrigado à todos os promotores e adversários por fazerem parte dessa evolução. Oss. ”
Paulão Bueno.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Artigo : como surgiu a WME-IMG, conglomerado dos novos donos do UFC



A grande maioria dos leitores já sabe que o UFC foi recentemente vendido por US$ 4 bilhões. Contudo, poucos aqui no Brasil conseguem traçar um perfil mais detalhado da WME-IMG, agência que representa o braço norte-americano do conglomerado formado pelos novos donos do evento.

Para ajudar o amante do MMA nessa missão, resolvemos buscar as raízes da empresa e para isso voltamos no tempo ao final do Século 19, quando o imigrante alemão Zelman Moses, que depois mudou o seu nome para Willian Morris, encontrou o sucesso como um agente de reserva nos atos de vaudeville.

A lista dos artistas representados por sua agência se confunde com a história do entretenimento dos Estados Unidos. Charlie Chaplin, George Burns, Will Rogers, os irmãos Marx, Mae West e Elvis Presley eram todos clientes da Willian Morris Agency.

Já no inicio deste Século 21, a Willian Morris Agency passou à se chamar Willian Morris Endeavor e ao juntar-se à proeminente agência esportiva International Management Group tornou-se WME-IMG. Na ocasião já representava atores, atletas e músicos, logicamente, mas passou à aumentar ainda mais o seu leque de opções, que já incluía ( também ) o concurso Miss Universo, que foi comprado do ex-cliente e atual presidente eleito dos EUA Donald Trump.

Nesse período a agência já negociava ofertas de televisão para o futebol Europeu e ligas de críquete indiano, além de contar com conexões na WWE ( Pro Wrestling ) e NFL ( futebol americano ), passando então à vislumbrar novas possibilidades de crescimento ao ter o domínio de um determinado segmento esportivo.

Após o sucesso de alguns de seus clientes em grandes produções cinematográficas de Hollywood, a WME-IMG comprou ( já em 2015 ) a Professional Bull Rinding Ing., conhecida no Brasil como PBR, e marca “ top de linha ” dos rodeios ( esporte profissional de montaria em touros ).

Em 2016 foi a vez da WME-IMG comprar o UFC e desde então a história é conhecida.

A experiência e história de sucesso da WME-IMG nos mostra que o grupo não veio para brincar e o mesmo poderá impulsionar o UFC ao “ mainstream ”.
O co-CEO da WME-IMG Ari Emanuel ( irmão do prefeito de Chicago, Rahm Emanuel ) já anunciou que o UFC Fight Pass passará por mudanças em breve, com mais conteúdo voltado ao mundo fora das lutas, com os lutadores da franquia protagonizando outros programas de entretenimento, tais como “ talk shows ” e mesmo filmes, tornando-se famosos – também – em outros tipos de atividades fora do octógono.

Por falar em famosos, uma vez que alguns destes são amantes do MMA de longa data e enquanto clientes da WME-IMG tiveram a oportunidade de adquirir uma pequena participação acionária no UFC, se tornaram os mais novos investidores da franquia.

Gente do porte de Abel Tesfaye, Adam Levine, Anthony Kiedis, Ben Affleck, Calvin Harris, Cam Newton, Conan O’Brien, Flea, Guy Fieri, Jimmy Kimmel, Li Na, LL COOL J, Maria Sharapova, Mark Wahlberg, Michael Bay, Rob Dyrdek, Robert Kraft, ( as irmãs ) Serena e Venus Willians, Tyler Perry, Trey Parker, Tom Brady ( marido de Gisele Bündchen ) e até mesmo Sylvester Stallone.

Espera-se que, com a adesão de tantas celebridades , as últimas resistências e preconceitos com relação ao MMA “ caiam por terra ”.

N.E.: Na foto que ilustra este artigo, Ari Emanuel, co-CEO da WME-IMG aparece ao lado do astro do cinema, Jet Li ( de boné ).

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Associações de lutadores poderão ‘ mudar a cara ’ do esporte MMA ?



Na última quarta-feira, 30 de Novembro, foi feito o tão alardeado anúncio por grandes nomes do MMA, cuja promessa era revolucionar a modalidade. No inicio da noite foi então anunciada a criação da Associação de Atletas de Artes Marciais Mistas ( The MMAAA ), que visa – obviamente – proporcionar melhores condições para os atletas.

A Mixed Martial Arts Athletes Association ( The MMAAA ) , na sigla em inglês, tem dentre algumas de suas principais exigências : planos de saúde para cobrir lesões que os atletas sofrem após as lutas e uma repartição mais justa dos lucros do UFC junto aos lutadores. Segundo os próprios, os atletas recebem apenas 8% do que o Ultimate leva ( 92% ), e eles brigam para esse número se tornar 50%.

Georges St-Pierre, ex-campeão dos meio-médios ( 77 kg ) que não compete desde 2013, Cain Velasquez e TJ Dillashw, ex-campeões dos pesados e galos ( 61 kg ), Tim Kennedy e Donald Cerrone foram os atletas e veteranos do esporte que, juntos, deram rosto à nova entidade e convidaram todos os demais lutadores à fazerem parte da Associação que contará com o suporte de Bjorn Rebney, ex-CEO do Bellator, que foi afastado do evento em 2014, na ocasião de sua substituição por Scott Coker.

Interessante notar que eles não estão buscando sindicalizar os lutadores, o que poderia levar anos, já que provavelmente haveria litígio em torno do atual status de contrato independente dos lutadores do UFC e somente funcionários podem se sindicalizar.

Por outro lado, quatro dos cinco lutadores são representados por Mike Fonseca, da Creative Artists Agency. A CAA é o maior rival do conglomerado formado pela WME-IMG, que são novos proprietários do UFC.

Bjorn Rebney comentou ainda que a nova associação ( The MMAAA ) é algo semelhante à associações de ligas esportivas como a NFL e NHL e pede ainda a inclusão de uma CBA nos moldes de tais ligas. ( Uma ‘ collective bargaining agreement ’ nada mais é do que a possibilidade de negociar mudanças contratuais para todos lutadores de uma vez só ).

Radical, Bjorn afirmou ainda que se continuar no atual modelo de gestão ( com os promotores ganhando muito e repassando pouco aos atletas ), o MMA não irá durar mais do que 10 anos e ainda convocou os lutadores para uma greve.

Tudo isso não poderia vir em pior hora para o conglomerado formado pela WME-IMG , pois os novos proprietários do UFC têm de realizar um retorno sobre o investimento de quatro bilhões de dólares, além do processo ‘ anti-trust ’ que o UFC está enfrentando desde antes de sua venda.

Por sua vez, o UFC já respondeu à Rebney e insinuou que o mesmo está agindo por vingança e ainda que a CAA seria o financiador da nova associação ( The MMAAA ). O cartola nega veemente.

Assim, o esporte agora tem pelo menos três esforços de organização em andamento : MMAFA, PFA e MMAAA.

O MMAFA de Robert Maysey deseja estender o Muhammad Ali Act ao MMA, de modo que os lutadores possam ser contratados independentes, e os promotores teriam que ‘ lutar ’ uns contra os outros pelo direito de colocar lutas pelo título. O MMAFA também está comprometido com o processo ‘ anti-trust ’ contra o UFC.

O PFA de Jeff Borris quer sindicalizar o UFC, o que exigirá que eles sejam classificados como funcionários.

O MMAAA de Bjorn Rebney quer formar uma associação de lutadores para exigir um aumento salarial. Os lutadores merecem e precisam de organização e representação inteligente e agressiva. Felizmente, algo de bom poderá sair de tudo isso.