quarta-feira, 3 de novembro de 2010

De esporte sangrento á um grande negócio : o que todo fã de MMA precisa saber...


AUTOR: Guga Noblat


De Brasília (DF)


( A rasteira de Ferrtita para tomar conta do UFC ).


Bem ao estilo da capoeira, mas sem os princípios e a moral que regem a luta nascida no Brasil, Lorenzo Ferrtita, o verdadeiro poderoso-chefão por trás do Ultimate Fighting Championship (UFC), aplicou uma bela rasteira nos antigos donos do evento que viria a ser seu.


Bob Meirowitz, pai do UFC junto com o brasileiro Rorion Gracie, relatou em um documentário da CNBC a história do dia em que foi passado para trás por Lorenzo. Sua acusação lhe custou um processo movido por um dos homens mais ricos dos Estados Unidos. E a CNBC se viu obrigada a editar o documentário para retirar as acusações lançadas por Bob.


A história acabou abafada por pressão de Lorenzo e o documentário original da CNBC sumiu do mapa e deu lugar a versão light sem o relato da venda do UFC.


Quando estava à beira da falência em 2001, Bob vendeu o UFC por míseros US$ 2 milhões a Lorenzo e seu irmão Frank - donos de cassinos e, segundo a revista Forbes, dois dos cem milionários mais bem afortunados dos Estados Unidos.


De lá pra cá o UFC se tornou uma marca poderosa avaliada em mais de US$ 2 bilhôes. Ferttia tinha faro bom para negócio. E queria arriscar-se ao apostar no vale-tudo - chamado hoje de MMA (sigla em inglês para mistura de artes marciais).


Mais que faro e grana suficiente para aventurar-se no MMA, Lorenzo fazia parte da Comissão Atlética de Nevada, única entidade capaz de salvar o UFC da falência.


A partir de 1997, Bob viu-se encurralado por uma cruzada empregada pela mídia, TV a cabo e notórios políticos contra os combates promovidos por ele. O UFC surgiu em 93 como um desafio entre artes marciais e quase não tinha regras. Até soco no saco era permitido. O marketing do UFC explorava o lado brutal desse esporte e foi isso que o levou do sucesso à bancarrota.
Em 2001, o UFC estava banido da TV a cabo e de 36 estados norte-americanos. (ao contrário de hoje, onde o MMA é legalizado em 42 estados norte-americanos ).


E era comparado a combates de gladiadores romanos e a rinhas de briga de galo por gente poderosa como o candidato derrotado na última eleição para presidente dos Estados Unidos John McCain.


Sem o aval de comissões atléticas, responsáveis por supervisionar as lutas, o UFC jamais retornaria para a TV e logo seria extinto, pois Bob Meirowitz não queria fazer igual aos demais promotores de outros eventos menores de MMA nos EUA, que á época da perseguição pelos políticos, realizavam seus eventos dentro das reservas índigenas dos estados que o esporte era proibido, onde a lei do Homen branco não tem valor e os legisladores nada podiam fazer.


A situação caótica foi batizada de idade das pedras e obrigou Bob a cancelar a produção de vídeos e DVDs do UFC 23 ao 29. Nessa época ele inventou novas regras para tornar o esporte mais aceitável nos Estados Unidos. Os lutadores passaram a usar luvas e, no UFC 28, quatro categorias de peso foram criadas. O UFC 12, em 1997, marcou a entrada da divisão de peso. Mas eram apenas duas categorias, a dos leves e pesados.


À beira da extinção, o UFC 28 foi o primeiro evento de MMA sancionado por uma comissão atlética, a New Jersey State Athletic Control Board. Mas Bob estava interessado em levar o UFC para Las Vegas, Nevada, onde as apostas correm soltas.


Todo UFC promovido por Bob terminava em processos judiciais. Cansado de parar nos tribunais, sua última tacada seria conseguir o aval da Comissão Atlética de Nevada, famosa por regulamentar as principais lutas de boxe. Sua sorte estava na mão de Lorenzo e dos colegas dele.


O lobby foi pesado. Com os ajustes na regras do UFC e a divisão de categorias de peso a Comissão Atlética de Nevada reuniu seus comissários no final do ano 2000 para decidir se autorizava a realização do evento de lutas em Las Vegas.


Um dia antes da reunião, Bob recebeu um telefonema desolador. O aval ao UFC que era dado como certo na verdade acabaria negado porque um integrante da comissão mudaria de voto na última hora. Segundo o depoimento censurado de Bob, seu amigo lhe contou ao telefone que o traidor seria justamente Lorenzo.


Dito e feito. A comissão negou apoio ao UFC e Bob se viu ainda mais encurralado. Dois meses depois, em dezembro de 2000, Dana White, amigo de infância de Lorenzo e ex-promotor de boxe, ligou para Bob. Disse a ele que tinha um comprador interessado no UFC. E o instigou a adivinhar de quem se tratava. De imediato Bob respondeu o nome de Lorenzo. Surpreso com a resposta certa, Dana perguntou "como vc sabia disso?". Irônico, Bob se saiu com um: "Digamos que um passarinho mim contou".


Bob ainda organizou mais um evento, a edição 29 do UFC realizada no Japão. Pouco depois recebeu e aceitou a proposta de Dana, laranja e amigo de Lorenzo. Bob não tinha alternativa. A última delas, segundo seu relato à CNBC, havia sido boicotada por Lorenzo.


O fato é que o UFC, sob a guarita de Bob, moveu as peças necessárias para receber apoio da Comissão Atlética de Nevada. Mas não recebeu. Pouco tempo depois de Lorenzo assumir o UFC, na trigésima edição do evento, o torneio de lutas conseguiu o que foi negado a Bob. No UFC 33 o evento já era aprovado pela comissão atlética de Nevada, realizado em Las vegas e firmou o almejado contrato com a TV a cabo americana.


( parecido com o que o trio Dana White, Lorenzo e Frank Fertitta fariam depois com o maior evento do japão, o pride, vcs nâo acham ? ).


Lorenzo, para muitos o herói do UFC, por pouco não ficou taxado como seu maior algoz. A história foi abafada. Mas como na internet não existe censura que perdure, o documentário da CNBC "From Bloodsport to Big Time" sem cortes pode ser baixado pelo link:




No youtube há a cena editada do filme original:



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